Às vésperas do 32º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), críticas emergem quanto à nova abordagem da Prefeitura de Garanhuns. O evento, que sempre foi uma celebração multicultural e inclusiva, parece estar se transformando em uma festa elitizada, marcada por altos preços de camarotes e uma divulgação limitada.
Um Festival Elitizado
O FIG, que sempre foi acessível a diversas camadas sociais, agora é marcado pelo camarote mais caro de sua história, com preços variando entre R$ 26 mil e R$ 50 mil. A Talentos Promec, empresa responsável pela venda dos camarotes, informou que todos já estão reservados, com uma fila de espera de 30 interessados. Esse aumento significativo nos preços, em comparação com o ano passado, quando o valor médio era de R$ 16 mil, levanta preocupações sobre a elitização do festival e a exclusão de muitas pessoas que tradicionalmente participavam do evento.
Falta de Patrocinadores e Recursos
A decisão da Prefeitura de Garanhuns de romper o contrato com a Medow Entretenimento e Cultura LTDA, empresa responsável pela captação de recursos, resultou em sérias dificuldades financeiras para o FIG. A Prefeitura abriu mão de R$ 17 milhões já garantidos pela Fundarpe, e agora luta para financiar o evento. Com um custo estimado em R$ 19 milhões, grande parte dos recursos virá do próprio município, além de contribuições do Governo do Estado e do Ministério do Turismo.
Autoritarismo na Gestão
A gestão autoritária da Prefeitura tem sido alvo de críticas, principalmente pela falta de diálogo e transparência. A decisão de excluir o Governo do Estado de Pernambuco da organização do evento gerou atritos e preocupações sobre a qualidade e a abrangência do festival. A Fundarpe, que historicamente contribuiu para a diversidade cultural do FIG, foi relegada ao papel de patrocinadora, com recursos destinados exclusivamente à contratação de artistas pernambucanos.
Uso Político do Festival
A politização do FIG também levanta suspeitas. O Juiz Eleitoral de Garanhuns, Dr. Enéas Oliveira da Rocha, alertou membros da Prefeitura sobre a não realização de propaganda eleitoral durante o evento. A presença de pré-candidatos em palcos e bastidores pode desequilibrar a disputa eleitoral e promover práticas ilícitas, comprometendo a isonomia do processo eleitoral.
Uma Festa de Rua Comum?
A pequena divulgação e a abordagem centrada no lucro transformam o que era um evento multicultural em uma simples festa de rua. A falta de editais públicos e a contratação antecipada de artistas por produtores privados ferem os princípios básicos da administração pública e da essência do FIG, que sempre foi reconhecido por sua multiplicidade e pelo prestígio à cultura de forma democrática.
O Festival de Inverno de Garanhuns de 2024, ao que parece, está prestes a perder sua identidade cultural e social, se tornando uma oportunidade de lucro para poucos e excluindo muitos que fizeram parte de sua história.