A oposição em Garanhuns enfrenta um momento decisivo. Com a nova composição da Câmara de Vereadores, a expectativa era de uma atuação firme e combativa contra a gestão do prefeito Sivaldo Albino (PSB). No entanto, até agora, apenas o vereador Ruber Neto (PSD) tem demonstrado, de fato, uma postura de oposição ao governo municipal.
No último episódio que expôs as fragilidades da bancada oposicionista, um pedido de informação apresentado por Ruber Neto foi rejeitado pela maioria dos vereadores. Apenas ele e Thiago Paes (PL) votaram a favor da solicitação, enquanto Fernando da Iza (PSDB) se ausentou no momento da votação. Esse fato gerou questionamentos sobre qual será a real postura da oposição nos próximos anos.
Ruber Neto, que tem buscado respaldo político junto ao ministro André de Paula (PSD) e aos deputados federais Fernando Rodolfo (PL) e Túlio Gadelha (Rede), reforça que sua atuação será independente e combativa. Ele vem defendendo um mandato de fiscalização rigorosa e cobrando transparência da gestão municipal, sobretudo no que diz respeito aos bairros periféricos e à zona rural.
Enquanto isso, no cenário estadual, a oposição ao PSB de Sivaldo Albino também se mantém viva através do deputado Izaías Régis (PSDB), que segue como líder do partido na Assembleia Legislativa de Pernambuco e tem sido um dos principais críticos do grupo socialista. Izaías atua firme na fiscalização e na defesa do povo, cobrando melhorias para Pernambuco e questionando as decisões do PSB.
Audiência Pública e o Debate Sobre a Concessão
No último dia 06 de fevereiro de 2025, a Câmara de Garanhuns foi palco de uma Audiência Pública sobre a concessão dos serviços de saneamento no estado, organizada e liderada pelo PSB. O evento contou com a presença de figuras influentes do partido, como o deputado federal Pedro Campos (PSB), ex-engenheiro da Compesa e irmão do prefeito do Recife, João Campos; o deputado estadual Waldemar Borges (PSB); o deputado suplente Cayo Albino (PSB); o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB); e o deputado estadual Sileno Guedes (PSB), atual presidente do PSB em Pernambuco.
Durante a audiência, apenas o vereador Thiago Paes (PL) se manifestou e questionou o histórico da Compesa nas gestões do PSB, apontando falhas recorrentes no abastecimento de água e na coleta de esgoto.
Um dos momentos mais marcantes foi a fala do vereador Dinho Santos (PSDB), de Lajedo, que levantou questionamentos incisivos sobre a contradição do PSB em criticar a concessão estadual, enquanto mantém uma concessão da BRK Ambiental no Recife, assinada durante a própria gestão socialista. Ele também criticou a atuação da Compesa ao longo dos anos e cobrou explicações sobre como funcionará a concessão da BRK Ambiental, empresa que tem um contrato vigente até 2048 para operar o esgotamento sanitário no Grande Recife e em Goiana.
Dinho Santos ainda destacou que Pernambuco enfrenta desafios graves no saneamento e que os números demonstram a necessidade urgente de investimentos:
- Cobertura de abastecimento de água: Pernambuco tem 77,12% de cobertura, sendo o 8º pior estado do Brasil nesse quesito.
- Cobertura de esgoto: Aproximadamente metade do estado não possui rede de esgoto.
- Perda de água no sistema: Quase 50% da água distribuída no estado se perde no sistema antes de chegar ao consumidor.
A proposta da concessão estadual busca reverter essa situação com investimentos previstos de R$ 18,91 bilhões, um contrato de 35 anos e a meta de universalizar o saneamento até 2033, beneficiando 160 municípios no Agreste e Sertão, além de 24 no Sertão.
Por outro lado, a contradição do PSB se mantém: se o partido critica a concessão estadual, por que promoveu a concessão da BRK Ambiental no Recife?
Outro tema abordado foi o recente caos provocado pelas chuvas no Recife, que resultou em cinco mortes, evidenciando a falta de infraestrutura e planejamento urbano. O vereador Thiago Paes (PL) criticou a gestão de João Campos (PSB), apontando que, apesar das promessas de investimentos, os problemas estruturais da cidade continuam sem solução.
Oposição Silenciosa?
Apesar da importância do debate, chamou atenção a postura do líder da oposição na Câmara de Garanhuns, Fernando da Iza (PSDB), que esteve presente na audiência, mas não se manifestou em nenhum momento. Sua ausência de posicionamento reforça a dúvida sobre o futuro da oposição na cidade e quem, de fato, está disposto a enfrentar o governo municipal.
Diante desse cenário, o futuro da oposição em Garanhuns segue incerto. Haverá novas lideranças dispostas a engrossar o tom contra o governo municipal? Fernando da Iza realmente assumirá um papel ativo na oposição ou continuará adotando uma postura mais cautelosa? Thiago Paes manterá sua aliança com Ruber Neto ou seguirá um caminho independente?
A população de Garanhuns observa atentamente os desdobramentos da política local e espera que a oposição cumpra seu papel de fiscalizar e cobrar avanços para o município. O embate político está apenas começando, e as próximas movimentações serão decisivas para definir quais forças ainda surgirão no tabuleiro da oposição.
